sexta-feira, março 21, 2008

A “NOVA” CULTURA CAPITALISTA: EM CONSTRUÇÃO DE UMA JUVENTUDE CONSERVADORA.

O que parecia um contra-senso a meu ver, parece tornar cada vez mais forma em nossos espaços: está em construção uma juventude conservadora ou para fins conservadores. Apática, desiludida, desamparada, desorganizada, manipulada, depressiva e dependente são só alguns adjetivos que é comum serem usados para se referir a juventude pós -moderna. Pessoalmente, resguardo-me o direito de dizer que utilizo a palavra “conservadora”, nos sentidos que ela em si possui: de manter, permanecer num estado.

O contra-senso está que na palavra “juventude”, vem imediatamente à cabeça a idéia de “novo”, “de mudança”, de formas de ver diferentes e questionadoras. Não me lembro de nenhum fato histórico em que mudanças ocorreram sem a participação efetiva da geração mais nova. Ao contrário, na maioria dos casos ela não só é participante como é protagonista. E isso me suscita sérias indagações sobre uma atual juventude que parece está centrada no supérfluo; desvinculada das relações que acontecem em sua volta e de si mesma, com isso, entre outras coisas, evitando se organizar e buscar meios e soluções para os seus problemas contemporâneos; desorientada em meio a tanta informação sem reflexão; cada vez mais vulnerável para ser manipulada.

Um dos motivos pode ser atribuído ao fato se ter uma imensa parcela da juventude que é mantida alheia as políticas públicas de longo prazo; e por outro lado, esta continua sendo usada como massa de manobra de consumo, reprodução de idéias e lógicas conservadoras e individualistas e/ou clientelistas.

A sutilidade que poucos parecem refletir ou perceber, me parece que esteja no discurso. Se atualmente não vivemos mais sob a ditadura, esse período deixou traumas e hábitos enraizados em nossa subjetividade; no nosso íntimo, mesmo que não o tenhamos vivido. Infelizmente, inconsciente ou não, isso é construído e reforçado pelas nossas instituições sociais, aos quais incluo especialmente a mídia. Desde nossa família, passando muitas vezes por nossas crenças, nossa educação formal (ou falta dela!), nossas relações com o ESTADO e toda uma grande rede de relações que podem nos levar tanto questionar ou manter, ou nos confundir nosso estar no mundo. Não se trata de se criar juízos de valor sobre essas instituições, muito menos suas legitimidades, mas de perceber que elas estão inseridas numa “nova” cultura.

Esta “nova” cultura, na verdade é uma velha de roupa nova: É a lógica capitalista. Que atualmente vai além do próprio sistema econômico e que não é mais tão necessária ser construída e forçada através de armas e militares (só se alguns insistirem em ser teimosos!) como no período da ditadura, mas, em nossa SUBJETIVIDADE. Especialmente no intimo da juventude, e que vai sendo inserida assim: em seus valores, em sua CULTURA PRÓPRIA, na internalização de falas como: “não adianta mudar”; “nunca se vai mudar”; “as coisas sempre foram assim, é natural”; “para que lutar?”; “Para que mudar? Ao menos assim eu conheço, e se for pior a mudança?”; que garantirão que no futuro as coisas continuem do jeito que estão. Apesar de ouvirmos muitas vezes de suas bocas, creio que essas não são falas dos jovens, nem do futuro: são de todos aqueles que querem manter as coisas como estão a qualquer custo.

Assim, ao citar os meios de comunicação sociais, não delego, como muitos gostam de fazer, toda a culpa a eles por essa alienação da maioria de nossos jovens. Eles certamente fazem parte e têm atualmente força determinante, em muitas ocasiões. Daí a atribuir todo o papel da alienação à mídia é, em minha opinião, simplista. É desconsiderar essa construção histórica que todos estamos submetidos e impregnados. Um culto à cultura individualista, consumista e desumana como modo de ser no mundo, que nos faz peças de engrenagens ao invés de pessoas.

Não é por acaso que alguns grupos buscam divulgar CULTURAS ALTERNATIVAS, especialmente com a juventude. Elas aparecem sob vários nomes: cultura de direitos, cultura local, democratização dos meios de comunicação, cultura ecológica etc. Estes grupos já perceberam que existe um modelo fabricado para esse público que ajuda a conservar as desigualdades que existem e produzir o consumidor em potencial; e, através de outras formas de ver, questionam essa hegemonia de como que se deve OUVIR, FALAR, LER, DESEJAR, AMAR E SER jovem. Com isso, inserem a discussão e conseguem pequenas e significativas vitórias, reestabelecem “micro-políticas”, “micro-revoluções” em espaços locais, na internet, em jornais como esse ou até mesmo dentro de governos.
É por acreditar e ver resultados nessas micro-políticas e micro-revoluções que estou no movimento social e participo de projetos assim...
Tenho a convicção que as forças de uma mudança realmente estrutural não podem ser contidas; e que a CULTURA é um dos espaços privilegiados para que isso aconteça; entretanto, é preciso que trabalhemos para que estas sejam em prol do ser humano e não da exploração do homem e da privação da liberdade e dos direitos humanos. E como sei que não ficaremos muito tempo por aqui, é junto com a juventude de hoje que precisamos levar novas idéias e refletir sobre as atuais. Lutar para que a nossa juventude seja protagonista e crítica é muito mais difícil para os que preferem “corpos dóceis” e alienados. Mas é preciso. Para o bem de toda uma geração atual e ainda por vir.

2 comentários:

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  2. Fala aew beleza,

    Boa tarde parta todos vcs, eu gostaria muito de saber alguns contatos do grupo de dança Afro-Aganju ( Queimados ), não só eu como a escola Estadual Dom João VI tambem. Na verdade é para a mesma situação, um debate com os canditados a prefeitura e na escola e o prof. Lucio estar solicitando a presença desse grupo.

    De anta mão já agradeço.

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