sábado, abril 19, 2008

Ruínas de Engenho em Queimados


Foto: DELFIM













Uma das hipoteses para o nome de Queimados, é que a cidade era onde se "Queimava" os escravos com Hanseníase (lepra) na época. Inclusive o que hoje chamamos de rua dos Lazaretos, era local de tal fogueira humana e teria sua origem nesta versão.
Verdade ou não, o fato é que a cidade tem provas que viveu intensamente esse período de engenho e do ciclo da Cana-de-áçucar. Exemplo disso são as ruínas encontradas pelas bandas dos arredores do bairro de Santo Expedito, Santa Rosa. A construção é feita num período que se usava óleo de baleia como argamassa.
Por falta de uma política de manutenção de nosso patrimônio histórico, essas ruinas estão condenadas a deixarem de existir. Isso porque, segundo fontes do local, hoje elas estão situadas num terreno gerenciado pela Light S/A e pode ser demolida ao bel-prazer da empresa.

Situações como essa nos faz pensar e bater na mesma tecla, quanto se perde quando não se tem uma educação voltada para a cidadania e a cultura local...

Já imaginaram quanto seria interessante que esses locais fossem reconhecidos como patrimônios históricos, recebessem visitas de alunos e aulas "ao vivo" onde os alunos pudessem sentir que fazem parte da história que não é só uma gravura de um livro?

Vai aqui meu humilde apelo para que se comece a mapear lugares como esse. Quem disse que Queimados não tem uma vocação cultural?

sexta-feira, abril 18, 2008

Queimados: Uma Cidade sem Identidade Cultural.















"(...)Nosso nome tem história
De escravos, leprosos, imperador
Não importa sua origem
hoje tem o seu valor!(...)" Trecho do Hino do município de Queimados

O compositor do hino, comete um equívoco na minha opinião: É possivel existir cidadãos onde não existe uma referência de cidade? Sinceramente não sei, mas acredito sinceramente que não.

Em 2006, quando comecei a participar da construção do fórum de cultura popular. De inicio, como sou desconfiado com as coisas do governo (afinal, tenho motivos para isso...), fui inicialmente conhecer como é. Percebi que se tratava de uma construção coletiva e a pessoa que encaminhava isso pelo departamento de cultura, era realmente competente, engajada e preocupada com a causa, mesmo não sendo moradora de Queimados, a psicóloga Carla Damas. Além disso, ela tinha uma das atribuições mais raras em nossa prefeitura: Ser concursada,(Pasmem! Queimados já teve concurso para servidores!) e isso já era um traço diferencial.
O grupo que se juntou também tinha características peculiares que me faziam acreditar que, o que se buscava era realmente algo além de "objetivos eleitoreiros". A proposta por si só, faria com que os oportunistas fossem desmascarados. Sugerido que começassem grupos de trabalho que estudassem desde documentos oficiais, visitas a conselhos estabelecidos, cursos de gestores etc. Seria realmente uma contrução e não algo pontual. Assim, sendo, resolvi na ocasião entrar de cabeça na idéia. (vide algumas postagens de 2006)

Foram realizadas três etapas de construção deste fórum que culminaria com uma conferencia que elegeria conselheiros para o conselho municipal de Cultura. A própria legislação do conselho de Cultura fora modificada com a pressão desse grupo e reflexão feita na visitas a conselhos que já existem. A lei aconteceu, a conferência ainda não. O vinculo criado a partir desse grupo e as vitórias alcançadas graças à organização, no entanto, me faz acreditar que a luta foi adiada, não perdida.

Foi exatamente numa destas etapas do fórum que descobri na prática algo que estava tão obvio que eu não me dava conta: Nós realmente não temos uma identidade. Nossa história tem várias versões, a origem do nome da cidade, sua fundação etc. Até mesmo nossa história recente é perdida em arquivos de particulares e não é divulgada.

Somos na maioria queimadenses por acidente, não porque queiramos. Ao contrário, esperamos a primeira oportunidade de sair para outro lugar. Não temos vínculo com nossa cidade e nem sabemos nossa origem: somos uma cidade indigente.

Me impressionei com os relatos de pessoas sobre fatos de nossa história, cultura, na existencia dos engenhos, das fazendas. Me embriaguei no meio dos "causos" contados e de personalidades e até mesmo na participação de uma parte de minha familia ( vejam só!) em acontecimentos marcantes, como por exemplo, a presença do meu avô na visita de Luis Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário em Queimados. Pois é, eles estiveram aqui.

Sai daquele fórum com a impressão que ao procurar a cultura e a identidade de minha cidade tinha me descoberto.

Tive a certeza que é possível, e que essa cidade pode sim, se desenvolver construir algo melhor com vontade política e competencia. Mais que isso, isso tem que vir do próprio povo, é preciso "empoderá-lo", dar poder a ele antes de tudo. descentralizar.

A partir daí, os caminhos vão se tecendo como uma rede de pescador...

Espero ainda ver a construção de um acervo histórico no município e que todos tenham orgulho de morar aqui... Mas o caminho é para ser construido, e se: "Nossa história é de lutas" como diz o refrão do hino, precisamos conhecê-la...